ESG: Por que as empresas devem ficar atentas?

28/03/2022

Se no passado a preocupação das empresas girava em torno somente dos rendimentos financeiros e crescimento, hoje a demanda pelo seu papel social é muito mais ampla.

Um exemplo disso você deve ter acompanhado nos últimos tempos: mais especificamente, a preocupação crescente do mercado financeiro com temas relacionados a sustentabilidade. E esse é um dos motivos da sigla ESG ter ganhado visibilidade recentemente, mas não o único.

Apesar das questões ambientais, sociais e de governança serem discutidas há algum tempo, elas eram tratadas separadamente, tendo a atenção distribuída de forma desequilibrada e conforme o momento.

Com a consolidação do ESG, os três pilares foram definidos como fundamentais e essa é a grande inovação da sigla. Mas você sabe o que ela significa? No decorrer deste texto, vamos te ajudar a entender um pouco sobre a sua história, suas relações, seu impacto e como ela funciona na prática.


O que ESG significa?

O termo ESG significa Environmental, Social and Corporate Governance que, em tradução livre, quer dizer Governança ambiental, Social e Corporativa (ASG).

O termo surgiu em 2004, após uma provocação do então secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas) Kofi Annan, direcionada para 50 CEOs de grandes instituições financeiras, sobre como integrar nas suas análises de investimentos fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais. O termo foi então publicado no documento de compromissos desse encontro e nomeado de "Who Cares Wins". De lá para cá, as análises de riscos e decisões de investimentos começaram a considerar questões ambientais, sociais e de governança das empresas.

Embora tenha surgido no início do milênio, foi no início da pandemia da covid-19 que a pauta ESG foi impulsionada, já que a pandemia obrigou as empresas a repensarem os seus negócios e impacto. Inclusive, de acordo com a PRtech Knewin, menções aos termos ESG e ASG cresceram respectivamente cinco e sete vezes no período entre 2020 e 2021.

Sendo assim, para resumir, podemos dizer que ESG é uma sigla que orienta investimentos que priorizam a sustentabilidade do negócio, baseando-se em critérios ambientais, sociais e de governança.


E como cada pilar do ESG funciona?

Environmental (critérios ambientais)

Uma crise climática é prevista desde a década de 1970, baseado nas evidências científicas do aquecimento global, mau uso do solo, desmatamento em grande escala e esgotamento dos recursos naturais em nível mundial.

Em termos de ESG, o pilar ambiental indica o planejamento e ações práticas voltadas a preservação, recuperação e uso dos recursos de forma sustentável e gestão de stakeholders. Dessa forma, aponta que a empresa cumpre seu papel em manter as condições necessárias para a existência da comunidade.

Entre práticas ambientais mais comuns, podemos destacar:

  • Busca por alternativas sustentáveis, visando a redução de impacto do processo produtivo no ambiente.
  • Ações que buscam a diminuição do uso excessivo ou predatório de recursos naturais.
  • A redução de poluentes com o estabelecimento de metas.
  • Medidas de proteção e preservação da fauna e flora.
  • Estratégia de logística reversa - todas as operações referentes ao reaproveitamento de produtos - reciclagem, recuperação de matéria prima, reforma e revenda de itens que foram devolvidos ou retornaram à fabricante de alguma forma.

Hoje, mais do que nunca, as empresas precisam investir em práticas que visam a preservação do meio ambiente, do contrário, estarão sujeitas a uma negativa não só do cliente, como dos investidores.


Social (critérios sociais)

A desigualdade social tem aumentado cada vez mais no Brasil e no mundo. A má distribuição de renda, a discrepância de salários conforme o gênero, a violência social e dificuldade de inserção no mercado de trabalho de pessoas LGBTQIAP+, pretas e com deficiência têm atravessado os fóruns de discussão dentro das empresas.

Essas pautas são relevantes porque estão diretamente relacionadas com a forma como as empresas se relacionam com as pessoas internas e externas à comunidade na qual ela está inserida.

E é nesse cenário que surge o segundo pilar do ESG, o social. Nele, as empresas passam a olhar para práticas de bem-estar, saúde e renda da comunidade, de suas pessoas colaboradoras e fornecedores. Assim, busca-se aprimorar o relacionamento da empresa com as pessoas e a sociedade, através de ações como:

  • Respeito aos direitos humanos e trabalhistas.
  • Preocupação com as condições de trabalho, o relacionamento e engajamento com as pessoas colaboradoras.
  • Criação e manutenção de programas voltados a diversidade, equidade e inclusão.
  • Estratégias de relacionamento com a comunidade local.
  • Proteção e tratamento de dados.

Realizar práticas sociais dentro e fora das empresas contribui não só para a imagem da marca, como para o desempenho e competitividade do negócio. Já falaremos mais sobre como você pode aumentar o desempenho da sua empresa através de um ambiente mais diverso e inclusivo.


Corporate Governance (Critérios de Governança)

Temas como compliance, fraudes e corrupção têm ganhado cada vez mais destaque na mídia e na estratégia corporativa, ilustrando a preocupação das empresas com a sua governança.

Governança corporativa é o pilar de transparência de uma empresa, e pode ser resumida em diretrizes, regras, normas e processos que guiam a empresa como um todo. Essas medidas visam alinhar os interesses do negócio e aumentar a transparência junto a sócios, diretores, acionistas, clientes, parceiros, comunidade, governo etc.

Apesar da importância, esse tema está em estágio inicial aqui no Brasil. De acordo com a avaliação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) em 2018, a pontuação das empresas de capital fechado sobre a adoção de programas de governança corporativa é, em média, de 34,6 em uma escala que vai até 100.

Neste pilar de ESG estão mapeadas ações como:

  • Estratégias tributárias e de política corporativa.
  • Garantia de um conselho independente, com representatividade e equidade, com liberdade de atuação e atuante.
  • Política corporativa de anticorrupção, de ética e de compliance.
  • Relação com governo.

Todas essas ações mostram o compromisso da empresa com a transparência e isso faz com que os clientes, colaboradores e mercado sinta mais confiança em relação ao negócio.

Trabalhar o pilar de governança corporativa é se preocupar em manter o equilíbrio entre os objetivos econômicos e sociais, considerando o coletivo e o individual, de forma eficiente e responsável.


Por que as empresas devem se importar com ESG?

Uma proposta de ESG estruturada possibilita a busca de novos mercados, expansão dos atuais e aumento da confiança do governo e de parceiros.

E não é só isso, segundo um relatório elaborado pelo Itaú Asset e publicado no Estadão em 2020, Thiago Lasco concluiu que um portfólio que adota estratégias ESG entrega resultados melhores, quando comparado ao portfólio que não segue a mesma estratégia.

Outro dado vem da Union+Webster International divulgado pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) em 2019, apontando que 87% dos brasileiros pesquisados preferem comprar produtos ou serviços de empresas com responsabilidade social reconhecida. Esse índice é maior do que a média mundial, de 77%.

Seguindo o comportamento de indivíduos, de acordo com dados da Pesquisa Global de Investimento Responsável de Private Equity da PwC de 2021 , 76% dos consumidores comprariam de marcas que têm iniciativas no pilar 'S' do ESG e, do lado de profissionais, 83% trabalhariam em empresas que valorizam o 'S' do ESG.

Ou seja, os impactos positivos são inúmeros para os negócios com práticas de ESG, gerando benefícios tangíveis e intangíveis para o negócio. Para resumir, aqui relembramos os principais ganhos para a sua empresa:

  • Aperfeiçoamento da atuação financeira.
  • Ampliação da retenção e satisfação de talentos.
  • Maior lealdade do consumidor.
  • Redução de riscos.
  • Maior segurança do investidor.
  • Fortalecimento da imagem empresa.
  • Redução de custos e desperdícios.
  • Certificação da transparência.


ESG e práticas de DEI: o que podemos fazer a respeito?

Como você viu até aqui, as práticas ESG buscam que de uma forma estruturada, as empresas tenham direcionamentos para além do lucro, garantindo ações efetivas que impactem positivamente as questões sociais, ambientais e de governança.

Só que é impossível falar sobre questões sociais e de governança sem falar de diversidade, equidade e inclusão. Isso porque, ter uma estratégia de diversidade, equidade e inclusão na sua empresa é uma oportunidade de, entre outras vantagens:

  • Atrair e reter talentos.
  • Melhorar a qualidade do ambiente de trabalho.
  • Se conectar de forma mais transparente com investidores e clientes.
  • Reforçar a marca.
  • Potencializar a inovação no negócio como um todo.

E, além de tudo isso, é uma forma de aumentar a receita da empresa. De acordo com uma pesquisa realizada pela CUFA e Locomotiva em 2020, mulheres, negros e classes CDE concentram mais de 80% da intenção de compra do país.

Com tudo isso, você pode estar se perguntando como a sua empresa pode investir em diversidade, equidade e inclusão, com o olhar social e de governança? Olha só algumas opções:

  • Formando equipes diversas em todos os âmbitos (racial, de gênero, de orientação, de origem etc).
  • Estruturando um ambiente inclusivo e seguro.
  • Investindo em programas e metas de equidade de gênero e raça na liderança.
  • Desenhando um plano de equidade salarial.
  • Buscando investir em projetos de desenvolvimento que visem conscientizar grupos majoritários.
  • Realizando programas de mentoria, aceleração, desenvolvimento para grupos minorizados.

No mundo de hoje, não pensar em uma estratégia de negócio que envolva práticas de DEI é ir contra o que clientes, colaboradores e investidores estão demandando do mundo corporativo.


De forma prática, como eu começo ESG na minha empresa?

Medindo os impactos sociais e ambientais que o seu negócio gera e, a partir desses impactos, estruturar um plano de ação. Uma forma de trabalhar essa medição nos pilares S e G é com o diagnóstico ImpulsoBeta, que prevê três etapas principais:

  • Construção da visão da mudança junto a empresa.
  • Alinhamento com a liderança executiva.
  • Diagnóstico de realidade com a organização em termos de Diversidade, Equidade e Inclusão, identificando as lacunas que precisam ser endereçadas e os resultados de mudança na prática.

Tendo essa leitura de cenário, é possível mapear quais temas internos e externos podem impactar a sustentabilidade, crescimento e reputação da companhia do negócio no futuro.

A partir da identificação da realidade atual da organização, realizamos desenho estratégico das ações. Isso significa estabelecer diálogos necessários para que, ao fim da etapa, a organização tenha, de maneira bem definida: ​

  • Os indicadores macros que mensuram os impactos.
  • Principais problemas a serem direcionados.
  • Os grupos em foco para a resolução destes problemas​.
  • A governança apropriada para guiar o processo de mudança na organização​.

Por fim, o terceiro passo precisa ser perene, dado por empresas que querem permanecer ativas nas pautas ESG. É nessa etapa que, em projetos de diversidade, equidade e inclusão, são desenvolvidas nas empresas:

  • Nivelamento de conhecimento em DEI das pessoas que compõem o grupo de trabalho do processo de mudança em DEI;​
  • Definição de critérios de priorização de ideias e conhecimentos sobre boas práticas de DEI do mercado;​
  • Facilitação do processo de geração e priorização de iniciativas e intervenções comportamentais de mudança em DEI.​​

É dessa maneira que a sua empresa se torna ativa, atuante e verdadeiramente engajada socialmente com a pauta ESG. Se você quiser saber mais como já dar o primeiro passo na sua empresa, procure a nossa equipe.


Artigo produzido por Gabriel Souza, Designer de Aprendizagem da ImpulsoBeta

Gabriel é um homem trans, negro, formado em Pedagogia pela PUC-SP. É especialista no desenvolvimento de soluções educacionais, que resultem em uma experiência agregadora na vida das pessoas. Com vivência profissional que soma mais de 10 anos, atuou em empresas de diversos segmentos como turismo, segurança, tecnologia e consultorias. Na ImplsuBeta, é responsável por colaborar para um mundo do trabalho mais diverso, equitativo e inclusivo, através de propostas educacionais didáticas, criativas e transformadoras.